sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A arte e a música e sua importância na evangelização do Ser

A MÚSICA NA EVANGELIZAÇÃO
Graça Melo
“No seu início, o homem não tem senão instintos; mais avançado e corrompido só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o ponto mais delicado do sentimento é o amor...”. (E.S.E., Cap. XI)
“O amor é o eterno fundamento da educação”. Henrique Pestalozzi
“Educação é o desenvolvimento natural, progressivo e harmonioso de todos os poderes e faculdades do ser.” Henrique Pestalozzi
Duas fontes de inestimável valor – Kardec e Pestalozzi, fundadores da Pedagogia do Amor, fundamentados no maior exemplo de amor que o mundo pôde conhecer, Jesus...
Pestalozzi utilizava a Pedagogia do Amor... A criança recebia a vibração intensa de seu nobre coração - eis porque o evangelizador deve amar o que faz e passar esse amor no olhar, no sorriso, na voz, no gesto, na dedicação à tarefa...
Jesus adotou a Pedagogia do Exemplo... E todos ficavam impregnados não somente pelo seu alto padrão vibratório, mas pelo poder do amor que de si emanava - daí a necessidade de exemplificação que deve ter o evangelizador e da consciência de que o que ele conseguir “Ser”, é isso o que passará aos evangelizandos.
Kardec, inspirado nas lições pestalozzianas, fez uso da Pedagogia da Liberdade, da Observação, da Análise e do Amor... – por isso a tarefa de evangelização deve requerer esforço por parte do evangelizador no sentido de sua qualificação para a tarefa, de imensa responsabilidade.
Sentimento... Amor... Educação... Forças propulsoras do Espírito rumo à sua evolução. E a música?
“O Espiritismo prova a importância da música para a evolução do Espírito, não somente no plano de vida terrena, mas também na vida espiritual”. (Anuário Espírita, 1989)
Em Nosso Lar, a localização do Campo da Música no seio do Ministério da Elevação nos faz pensar na importância da música para a evolução do Espírito... Na estrela de seis pontas, de um lado, o Ministério do Esclarecimento (conhecimento nobre, princípios superiores...), do outro lado, o Ministério da Elevação (do sentimento, desenvolvimento de ideais nobres, do sentimento elevado...) e ao centro, o Ministério da União Divina... o Saber de um lado, o Amor do outro lado, ambos conduzindo à união com Deus... O amor sendo despertado, os Espíritos sendo mais e mais sensibilizados para o Amor, com o uso da Música... (W. O. Alves, in Educação do Espírito – Introdução à Pedagogia Espírita, com adaptação)
Compreendemos a música como instrumento de educação do Espírito e de sensibilização por excelência. A música de qualidade que toca o sentimento... A música que quando revestida de conteúdo edificante e significante... nos une a esferas espirituais superiores, fortalecendo nossa vontade direcionada ao Bem, no sentido de nosso auto-aprimoramento... nos eleva o padrão vibratório, os pensamentos e os sentimentos... nos liberta de amarras, tensões e atavismos do passado, melhorando a nossa sintonia... e nos ilumina o coração e a mente, tornando-nos mais suscetíveis e abertos ao aprendizado de novas atitudes e conhecimentos.
Nos diz Walter O. Alves que “a música representa elevada interação vertical com as esferas espirituais. Mediante essa vivência, em nível espiritual, o sentir e o querer se harmonizam, aprimorando o sentimento e o lado moral da vida. O elemento melódico da música, em harmonia com o ritmo, embala a própria alma, ativando os movimentos interiores do Espírito. A arte melódica-harmônica-rítmica da música atinge as profundezas da alma, transportando o ser espiritual para as esferas superiores da vida, através da inspiração superior, atingindo as vibrações do mundo espiritual elevado e nobre”.
Sabemos que quando o Espírito reencarna, até os sete anos, ainda tem adormecidas as suas potencialidades... Somente após esse período é que se consolida o seu processo reencarnatório e ele começa a revelar suas tendências.
Walter Oliveira Alves, no livro Educação do Espírito – Introdução à Pedagogia Espírita, nos dá um alerta: “Não podemos perder de vista que a criança é o Espírito que retorna à nova fase evolutiva e que traz seus talentos interiores esperando pelo incentivo dos que a acolhem...” Estes talentos podem incluir talentos artísticos, bom é refletir...
Observando suas tendências e os princípios consagrados da educação, é que os pais direcionam a correção das más inclinações emergentes, bem como a potencialização de suas qualidades intrínsecas desde cedo, com o auxílio da escola convencional - para desenvolvimento do lado social, intelectual e da razão, mais materializado, em sintonia com o mundo de relação em que vive - e da escola de educação moral ou de evangelização - para desenvolvimento do lado espiritual, em suas virtudes e qualidades morais.
A escola de evangelização tem que se valer de técnicas, processos, métodos, ferramentas e instrumentos, que facilitem o processo de ensino-aprendizagem e também o desabrochar das infinitas potencialidades do Espírito eterno adormecido na criança. Nesse sentido, segundo o mesmo autor, “o valor da Arte na Evangelização é imenso, tanto no que se refere ao conhecimento espírita, quanto ao desenvolvimento de sentimentos superiores”, constituindo-se em “poderoso instrumento de educação do sentimento e de educação dos impulsos da alma, canalizando-os para o Bem e para o Belo”.
As ferramentas têm por objetivo motivar, melhor fixar conteúdos, sensibilizar, integrar o evangelizando consigo mesmo e com os outros, abrir o campo mental, etc. Segundo o citado autor, “a Arte, em geral, como atividade criadora por excelência, vem ao encontro das necessidades de movimento e ação da criança e do jovem. Não apenas ação motora, física, mas, principalmente, os movimentos intensos da própria alma, do ser espiritual, na expansão do sentir e do querer. (...) A Arte é um dos mais valiosos canais de expressão... Ao evangelizador cabe conduzir essa criatividade para os canais superiores da vida.”
A música, nesse contexto, é uma das ferramentas facilitadoras. Não a única, nem a principal... Para crianças pequenas, é fundamental e seu uso facilita sobremodo a tarefa do evangelizador. Aliada a gestos e coreografias, é elemento dinamizador das atividades.
Sabendo que “as crianças aprendem através de atividades adequadas ao seu nível de desenvolvimento”, pois, nos ensina Pestalozzi, que “o olho quer ver, o ouvido ouvir, o pé quer andar e a mão agarrar! Da mesma forma o coração quer crer e amar e o espírito quer pensar”, devemos procurar ferramentas que propiciem essa ação do evangelizando, o que o motivará mais e mais a freqüentar as aulas de evangelização.
Nos diz o aludido autor que “A criança pequena não aprende por conceitos abstratos que falam ao cérebro, mas está mais aberta ao ritmo e ao sentimento que a música transmite. O ritmo e a harmonia da música auxiliam a sua harmonização interior. Assim, letras simples e objetivas, em ritmo harmonioso, alcançarão o coração infantil de forma adequada”; e que “o ritmo está presente na criança a partir de seu próprio organismo: o compasso das batidas do coração, o ritmo compassado do andar, o balançar dos braços, a seqüência interminável do dia e da noite, os horários das refeições, do descanso, tudo à sua volta fala que o Universo está envolvido em ritmo harmonioso”.
A música também é uma forma de evangelizar, quando tem conteúdo e quando este conteúdo traduz a mensagem da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus.
Às vezes observa-se a adoção, nas casas espíritas, muitas vezes por falta de opção, de músicas sem conteúdo educativo ou evangelizador e que, pelo seu ritmo animado, agradam aos evangelizandos.
Alguns aspectos devem ser considerados pelo evangelizador na escolha de músicas que venham a auxiliar no desenvolvimento da tarefa:
O ritmo - a música produz formas-pensamento nobres ou inferiores, conforme seu conteúdo e ritmo, daí o cuidado que teve ter o evangelizador na escolha das peças musicais a serem trabalhadas, de modo que não venham a despertar a violência ou a sensualidade, por exemplo; o ritmo, suave ou mais movimentado, deve ser harmonioso.
A tonalidade – adequada à região de canto onde as crianças sintam-se mais à vontade, a música deve ser em tons maiores, preferencialmente, por serem os mesmos mais alegres.
A origem/procedência – a música 100% espírita traduz mensagens compatíveis com os princípios espíritas, o que pode não ocorrer com músicas adaptadas ou de origem religiosa diversa, que, em alguns casos, podem até entrar em contradição com a Doutrina.
O conteúdo – as letras devem ser revestidas de linguagem simples, clara e objetiva, de modo a traduzir com fidelidade o conteúdo pretendido, sem duplo-sentido e sem complexidade exagerada; e devem traduzir com fidelidade o que apregoa a Doutrina.
A interpretação – as canções devem ser cantadas com alegria; o evangelizador deve sentir o que canta para poder passar realmente a mensagem; o uso de gestos e coreografias é muito apreciado pelas crianças e até pelos jovens e servem para liberar energia, integrar e animar.
Importante é destacar que a música tem várias utilidades, independentemente de ser ferramenta valiosa no contexto da evangelização. A nova ciência da musicoterapia aponta inúmeras vantagens que justificam a sua adoção. Hal Lingerman, estudioso do assunto e autor do livro “As energias curativas da música”, aponta algumas coisas que a boa música pode fazer:
• atenuar a fadiga física e a inércia, aumentando a vitalidade física,
• acalmar a ansiedade e as tensões,
• liberar a raiva,
• elevar os sentimentos,
• penetrar em estados de espírito,
• concentrar o pensamento,
• ajudar a definir claramente metas,
• liberar a coragem e a persistência,
• aprofundar os relacionamentos e enriquecer amizades,
• fortalecer a caráter e o comportamento construtivo,
• expandir a consciência de Deus,
• estimular a criatividade e a sensibilidade.
Deixa que teu coração voe, além do horizonte, nas asas da música sublime que verte do Céu a Terra, a fim de conduzir-te da Terra ao Céu... Ouve-lhe os poemas de eterna beleza, em cuja exaltação da harmonia tudo é gloriosa ascensão.
Nesse arrebatamento às Esferas do Sem Fim, o silêncio será criação excelsa em tua alma, a lágrima ser-te-á soberana alegria e a dor será teu cântico. Escuta e segue a flama do pensamento que transpõe a rota dos mundos, associando tuas preces de jubilosa esperança às cintilações das estrelas!...
Não te detenhas. Cede à cariciosa influência da melodia que te impele à distância da sombra, para que a luz te purifique, pois a música que te eleva a emoção e te descerra a grandeza da vida significa, entre os homens, a mensagem permanente de Deus. F.C Xavier/Emmanuel, em Trilha de Luz8

Fonte: www.cvdee.org.br - Material extraído da Coletânea de textos e artigos para estudos, organizado por Graça Melo.

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